quinta-feira, 15 de maio de 2014
Caríssimos senhores e prezados amigos,
Por onde terá andado o editor deste blog? Trago-vos notícias, enfim.
Espantado por ter tido 21 visualizações de página no mês passado - quando faz mais de dois anos que não se posta nada aqui - , virei a público contar o que sucedeu à abençoada República Real de Pasárgada desde então. Sabereis, em postagens que farei em breve, sobre detalhes das conspirações, maquiavelismos, e outros estranhos sucessos que mantiveram este singelo reino longe dos vossos olhos e ouvidos.
Até breve.
domingo, 11 de dezembro de 2011
domingo, 6 de novembro de 2011
sábado, 2 de abril de 2011
CRUZ INVERTIDA
Cruz Invertida
“Oh! Cruz Invertida? Não! É a mesma cruz
Que morreu o Senhor, o Altíssimo Jesus.”
(Rommel Werneck)
Pesaroso do fim, mas exultante e forte,
a Cruz Pedro carrega ao lugar do martírio.
Ao seu carrasco pede o apóstolo que tire-o
da glória de sofrer do Mestre a mesma morte.
E pregam-no na Cruz, e embora o prego corte
as carnes, o homem olha o céu, sublime lírio.
A dor é glória. O Mestre além sente que mire-o
quando, invertida a Cruz, cruéis lhe dão a sorte.
Cruz invertida! Pedro, em ti repete o império
a execução, a dor, castigo jamais visto,
o que teu Senhor teve; em ti de novo fere-O.
Cruz invertida! Pedro, uma verdade assoma:
Se nessa mesma Cruz Roma prostrou o Cristo,
em ti, nela invertida, o Cristo vence Roma.
quinta-feira, 3 de março de 2011
ÉSQUILO E SOCOS
Há meses já que uma nossa professora do curso de Direito trabalha conosco, fora das aulas, como atividade complementar à carga horária, a leitura e a explanação da tragédia grega. Em Ésquilo estão tratados brilhantemente diversos pontos da doutrina jurídica. A mestra, amante das artes, quer que, pelo Direito, tenhamos contato com a alta Literatura.
Eu, no entanto, com pouco talento para as Leis e curiosíssimo quanto às Letras, tenho freqüentado tais reuniões não por Têmis, e sim unicamente pelas Musas. Vou lá para ver Clitemnestra tramar a morte de Agamêmnon, seu marido, assassiná-lo, confessar e defender-se lembrando a maldição que cerca os filhos de Atreu.
“Ousais então dizer que este feito
somente a mim se há de atribuir?
Não deveis mesmo acreditar que eu seja
a esposa de Agamêmnon; sob a forma
da companheira deste homem morto
foi na verdade o gênio vingador
acerbo e antiqüíssimo de Atreu,
do anfitrião cruel, que se quitou
do sacrifício ímpio de crianças
ao imolar agora este guerreiro.”
Eis a Oréstia, trilogia de Ésquilo. Aí está a sina dos filhos de Atreu, homem nefando, ímpio assassino de crianças, que condenou a própria semente à desgraça. Aí está Agamêmnon a ser apunhalado pela esposa; e seu filho Orestes a assassinar a própria mãe, condenando-se à perseguição das Fúrias vingadoras do crime consangüíneo. E por fim vê-se aí a sábia deusa Atena a instituir o justo tribunal, que absolve Orestes, e pelo qual passariam os criminosos dali em diante.
“ATENA
Prestai toda a atenção ao que eu instauro aqui,
atenienses, convocados por mim mesma
para julgar pela primeira vez um homem
autor de um crime em que foi derramado sangue.
A partir deste dia e para todo o sempre
o povo que já teve como rei Egeu
terá a incumbência de manter intactas
as normas adotadas neste tribunal
. . . . . . . . . . . . . . .
Sobre esta elevação digo que a Reverência
e o Temor, seu irmão, seja durante o dia,
seja de noite evitarão que os cidadãos
cometam crimes, a não ser que eles prefiram
aniquilar as leis feitas para seu bem”
.
. .
Por estes dias, a turma discutia uma possível mudança nos horários das aulas. E era esse o assunto em uma das rodas de conversa formadas nos intervalos entre uma aula e outra e à qual me uni.
– Pra que mexer no horário todinho só por causa de uma coisinha dessas? – dizia um dos meus amigos aludindo ao motivo caprichoso da mudança. – E ainda se vai prejudicar a reunião do grupo de estudo da tragédia!
Então, um dos nossos colegas, com desdém, exaltou-se e disse:
– Meu amigo, pra que a gente vai estudar obrinha láaa... – e apontou para o vazio, como a indicar a direção do lugar, que não sabia e que, no seu desprezo e ignorância, pouco se importava em saber. – A gente tem que estudar é pra concurso... – sentenciou com a maior convicção do mundo.
Um dos da roda, participante ativo dos tais estudos, fitou-o como se lhe fosse dar um soco. Respirou uns dois segundos e respondeu ao homem jovem que acabara de cuspir no rosto de um intelectual anterior a Cristo.
– Cada um tem seu objetivo quando estuda. Se o seu é passar em concursos – e o olhar fuzilante dizia, por trás da voz calma, “animal, ignorante, besta decoradora de assuntos!” – problema seu!...
Eu não reprovaria o nosso colega, e creio que nenhum do círculo o faria, se ele tivesse ido às vias de fato e dado uns bons sopapos no profanador do poeta milenar em cuja obra estão idéias sobre as quais se assentam bases da nossa civilização. Nosso amigo seria absolvido pelo soco providencial.
Ousais então dizer que este feito
somente a mim se há de atribuir?
Não deveis mesmo acreditar que eu seja
seu colega de turma; sob a forma
de condiscípulo deste homem tolo
foi na verdade o gênio vingador
acerbo e antiqüíssimo de Ésquilo,
do poeta genial, que se quitou
do sacrilégio ímpio a sua obra
ao cair de porradas neste bruto.
Filipe Cavalcante
domingo, 28 de novembro de 2010
OLAVO, GRANDE OLAVO
Em homenagem ao grande Bocage e ao grande Bilac:
Olavo, grande Olavo
Olavo, grande Olavo, semelhante
acho teu fado ao meu, quando versejo.
Igual causa nos fez, do lar no adejo,
achar a solidão, negro gigante.
Como tu, junto aos livros estafantes
de normas pra lembrar, no horror me vejo.
Como tu, a alegria em vão desejo,
os amigos lembrando, e a bela amante.
Ludíbrio, como tu, do curso errado,
Meu fim deve ser Letras, não Direito.
Sei que só terei paz tendo mudado.
Sigo o modelo teu, mas... imperfeito!...
Por que se imito os transes do teu fado,
não te imito na audácia do teu feito.
Filipe Cavalcante
08.11.2010
Soneto de Bocage
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
PARNAÍBA 19 DE OUTUBRO
"Aqui começou o movimento pioneiro; espalhou-se a fagulha da independência que, célere percorria todas as Capitanias. Tudo girava em torno da emancipação! Tanto é que antes de chegar a notícia alvissareira do feito do Ipiranga, já na faustosa Vila de São João da Parnaíba os patriotas antecipavam o gigantesco movimento naquela memorável manhã de sol ardente de 1822. Todo o movimento foi elaborado com ardor e entusiasmo na “Casa Grande da Parnaíba”, onde os planos de libertação foram forjados sob a liderança de Simplício Dias da Silva, de ação calma, enérgica e refletida, eminentemente combativa, com o apoio tenaz de João Cândido de Deus e Silva, o propagandista inflamado da libertação. Outro vulto do movimento foi Leonardo de Carvalho Castelo Branco, alma coração e dínamo da revolução. O pugilo de bravos, ali, no Largo da Matriz, que é a legendária Praça da Graça, dá o grito de independência e aclama o senhor Dom Pedro, príncipe regente, como Defensor Perpétuo do Brasil, entre as mais vivas e ruidosas manifestações dos populares que ali se postavam. Na casa da Câmara, hoje Edifício dos Correios, foi lavrada a ata dos acontecimentos. Desta maneira, o 19 de Outubro tornou-se um dia de glória."
Mario Pires Santana, em http://www.meionorte.com/josefortes/o-19-de-outubro-dia-do-piaui-104267.html
Parnaíba 19 de outubro
Dezenove de outubro – grande data
do dia portentoso, de memória
que não se olvidará. A sua glória
em vosso peito o tempo não abata.
Quando preciso, soube esta pacata
cidade erguer-se brava, de irrisória,
gravando nos anais da sua História
que vis grilhões seu povo não acata.
Já mostrou Parnaíba ao Brasil todo
que é a mais brasileira das cidades.
Heroísmo há no seio deste povo.
Intrépidos erguemo-nos do lodo
pra proclamar as nossas liberdades.
Se for preciso, erguemo-nos de novo.
Filipe Cavalcante.
26.IX.2009