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domingo, 11 de dezembro de 2011



Paganismo poético

Oh bons espíritos que em outro plano
têm bem patente o lume das ideias –
vossos estalos e onomatopeias
dão-me com que escapar de estar insano.

Acompanhando a dor a cada dano
e derrota na busca de epopeias,
com magnólias, rosas e azaleias
meu chão atapetais, deixando-o humano.

E pelo mundo vou, correndo risco,
e arremessado sou de pólo a pólo,
e encaro o temporal como a chuvisco.

Só peço não me tires, Febo Apolo,
só peço não me tires, São Francisco,
o dom da rima, com que me consolo.


F. C.

sábado, 2 de abril de 2011

CRUZ INVERTIDA

A Crucificação de São Pedro, de Caravaggio
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Cruz Invertida

Oh! Cruz Invertida? Não! É a mesma cruz

Que morreu o Senhor, o Altíssimo Jesus.

(Rommel Werneck)

Pesaroso do fim, mas exultante e forte,

a Cruz Pedro carrega ao lugar do martírio.

Ao seu carrasco pede o apóstolo que tire-o

da glória de sofrer do Mestre a mesma morte.

E pregam-no na Cruz, e embora o prego corte

as carnes, o homem olha o céu, sublime lírio.

A dor é glória. O Mestre além sente que mire-o

quando, invertida a Cruz, cruéis lhe dão a sorte.

Cruz invertida! Pedro, em ti repete o império

a execução, a dor, castigo jamais visto,

o que teu Senhor teve; em ti de novo fere-O.

Cruz invertida! Pedro, uma verdade assoma:

Se nessa mesma Cruz Roma prostrou o Cristo,

em ti, nela invertida, o Cristo vence Roma.


Filipe Cavalcante

domingo, 28 de novembro de 2010

OLAVO, GRANDE OLAVO


Em homenagem ao grande Bocage e ao grande Bilac:

Olavo, grande Olavo

Olavo, grande Olavo, semelhante
acho teu fado ao meu, quando versejo.
Igual causa nos fez, do lar no adejo,
achar a solidão, negro gigante.

Como tu, junto aos livros estafantes
de normas pra lembrar, no horror me vejo.
Como tu, a alegria em vão desejo,
os amigos lembrando, e a bela amante.

Ludíbrio, como tu, do curso errado,
Meu fim deve ser Letras, não Direito.
Sei que só terei paz tendo mudado.

Sigo o modelo teu, mas... imperfeito!...
Por que se imito os transes do teu fado,
não te imito na audácia do teu feito.


Filipe Cavalcante
08.11.2010

Soneto de Bocage